
Hoje, dia 31 de outubro, comemora-se o Dia Mundial da Poupança. A data, celebrada há mais de 70 anos, vem em meio a dois movimentos históricos: 1) uma aparente mudança no comportamento de uma parte de brasileiros – pequena, é verdade – que passaram a desenvolver alguma estratégia de acumulação de reservas financeiras; e, 2) uma crise financeira mundial, sem precedentes e solução ou, pelo menos, acomodação, ainda imprevisível.
Economistas, consultores, autores, palestrantes, palpiteiros, etc, insistem em repetir que devemos guardar “algum” para alguma eventualidade – que, de acordo com a Lei da Atração, sempre acontece... –, para a compra de algum bem específico, para a aposentadoria, etc. Enfim, motivos não faltam. Todos sabemos disso. “Basta querer”, pregam os mais fundamentalistas. “Se é tão elementar, meu caro Watson”, por que a grande maioria das pessoas, independentemente do quanto ganham, não faz isso? Seria só porque sempre esperamos pelo momento certo: depois de pagarmos as contas, quando obtivermos aquele aumento de salário, quando as coisas melhorarem, etc? Enquanto isso, a vida passa.
É evidente que pessoas com rendas menores terão mais dificuldades para conseguir poupar alguma coisa. Só que o mesmo acontece com pessoas de ganhos bem acima da média, que gastam mais do que recebem. Esse desequilíbrio é reforçado pelo consumo de massa; por propagandas sedutoras; pela moda que funciona como socialização e sentimento de fazer parte de um grupo; e, principalmente, pelo vazio existencial das pessoas, cada vez mais presente.
Para afastar essas tentações, recomenda-se 1) ponderar os gastos, procurando pagar com dinheiro ou com débito em conta – quando usamos o cartão de crédito, forma de pagamento menos transparente, não sentimos a “dor do pagamento”; 2) planejar as compras – evita o sentimento de culpa, causado, geralmente, por gastos impulsivos ou compulsivos; e, 3) evitar o consumo exagerado.
Existem razões bem mais fortes e decisivas que a maioria dos economistas – mesmo quando ostentam títulos de doutores – ainda desconhecem ou fazem “vistas grossas”. São as causas psicológicas que subjazem às diversas decisões de ordem financeira e que estão sendo objeto de pesquisa, nos últimos anos. Estudiosos referem-se a essa área de pesquisa como“finanças comportamentais” ou, então, “economia comportamental”, e que combina duas disciplinas gêmeas: psicologia e economia. É o que explica por que e como as pessoas, supostamente inteligentes, tomam decisões aparentemente irracionais e ilógicas quando gastam, investem, poupam ou fazem empréstimos. Dizer, por exemplo, que a fórmula de pesquisar preços tem dado certo para dez entre dez brasileiros é desconhecer pesquisas, realizadas nos últimos 50 anos, e que provam que os consumidores não somente não conhecem os preços dos produtos como também não reagem a mudanças reais de preços. Na realidade, alguns sinalizadores – cartazes e placas que anunciam, por exemplo, “Promoção”, “Economize 20%”, “Pague 1 e leve 2”, “O menor preço da cidade”, etc – são mais convincentes e levam as pessoas a acreditarem que estão fazendo um bom negócio.
Diversos estudos já explicaram que, em qualquer momento e situação da vida, nossas escolhas e decisões, inclusive as financeiras, estão diretamente ligadas ao lado emocional das pessoas. De acordo com a psicologia econômica, é praticamente impossível ser totalmente racional nas escolhas financeiras. Alguns exemplos: nos financiamentos, como as parcelas são menores em razão de prazo maior, as pessoas não consideram os juros na hora da compra, apenas o valor da prestação; nas operações com cheque especial, é irracional, economicamente, utilizar a linha de crédito de forma inadequada, muitas vezes incorporando o limite do crédito à renda mensal; mesmo entre investidores, pessoas supostamente mais racionais e instruídas com análises fundamentadas, a emoção fala mais alto, provocando o comportamento de manada; aversão à perda, potencialização da confiança ou desconfiança; gastar cada vez mais na tentativa de esquecer as dívidas; e informações em excesso.
Com o passar do tempo, os estudos deverão evoluir e as informações e resultados deles extraídos poderão ajudar muita gente, principalmente o brasileiro que, por natureza e cultura, não é poupador. Sabendo como pensa o brasileiro, o governo, através do Banco Central, poderia, por exemplo, desenvolver políticas específicas de incentivo à poupança. Enquanto isso, a dica é manter-se longe das dívidas, buscando satisfação de outras formas, de maneira que sobre algum para investir. Um roteiro bem simples seria 1) afastar a tentação: se não souber resistir, não aceite cheque especial ou cartão de crédito; 2) ter alguém de confiança para alertá-lo sobre gastos excessivos ou desnecessários; 3) policiar-se: analisar se o gasto é realmente necessário; 4) carregar pequena quantia de dinheiro; 5) não entrar em financiamentos com muitas parcelas; e, 6) quando sentir-se tentado, fazer coisas simples como conversar, pintar, ler, ver um filme, ligar para alguém. A vontade de gastar passa e a saúde financeira agradece.
Economistas, consultores, autores, palestrantes, palpiteiros, etc, insistem em repetir que devemos guardar “algum” para alguma eventualidade – que, de acordo com a Lei da Atração, sempre acontece... –, para a compra de algum bem específico, para a aposentadoria, etc. Enfim, motivos não faltam. Todos sabemos disso. “Basta querer”, pregam os mais fundamentalistas. “Se é tão elementar, meu caro Watson”, por que a grande maioria das pessoas, independentemente do quanto ganham, não faz isso? Seria só porque sempre esperamos pelo momento certo: depois de pagarmos as contas, quando obtivermos aquele aumento de salário, quando as coisas melhorarem, etc? Enquanto isso, a vida passa.
É evidente que pessoas com rendas menores terão mais dificuldades para conseguir poupar alguma coisa. Só que o mesmo acontece com pessoas de ganhos bem acima da média, que gastam mais do que recebem. Esse desequilíbrio é reforçado pelo consumo de massa; por propagandas sedutoras; pela moda que funciona como socialização e sentimento de fazer parte de um grupo; e, principalmente, pelo vazio existencial das pessoas, cada vez mais presente.
Para afastar essas tentações, recomenda-se 1) ponderar os gastos, procurando pagar com dinheiro ou com débito em conta – quando usamos o cartão de crédito, forma de pagamento menos transparente, não sentimos a “dor do pagamento”; 2) planejar as compras – evita o sentimento de culpa, causado, geralmente, por gastos impulsivos ou compulsivos; e, 3) evitar o consumo exagerado.
Existem razões bem mais fortes e decisivas que a maioria dos economistas – mesmo quando ostentam títulos de doutores – ainda desconhecem ou fazem “vistas grossas”. São as causas psicológicas que subjazem às diversas decisões de ordem financeira e que estão sendo objeto de pesquisa, nos últimos anos. Estudiosos referem-se a essa área de pesquisa como“finanças comportamentais” ou, então, “economia comportamental”, e que combina duas disciplinas gêmeas: psicologia e economia. É o que explica por que e como as pessoas, supostamente inteligentes, tomam decisões aparentemente irracionais e ilógicas quando gastam, investem, poupam ou fazem empréstimos. Dizer, por exemplo, que a fórmula de pesquisar preços tem dado certo para dez entre dez brasileiros é desconhecer pesquisas, realizadas nos últimos 50 anos, e que provam que os consumidores não somente não conhecem os preços dos produtos como também não reagem a mudanças reais de preços. Na realidade, alguns sinalizadores – cartazes e placas que anunciam, por exemplo, “Promoção”, “Economize 20%”, “Pague 1 e leve 2”, “O menor preço da cidade”, etc – são mais convincentes e levam as pessoas a acreditarem que estão fazendo um bom negócio.
Diversos estudos já explicaram que, em qualquer momento e situação da vida, nossas escolhas e decisões, inclusive as financeiras, estão diretamente ligadas ao lado emocional das pessoas. De acordo com a psicologia econômica, é praticamente impossível ser totalmente racional nas escolhas financeiras. Alguns exemplos: nos financiamentos, como as parcelas são menores em razão de prazo maior, as pessoas não consideram os juros na hora da compra, apenas o valor da prestação; nas operações com cheque especial, é irracional, economicamente, utilizar a linha de crédito de forma inadequada, muitas vezes incorporando o limite do crédito à renda mensal; mesmo entre investidores, pessoas supostamente mais racionais e instruídas com análises fundamentadas, a emoção fala mais alto, provocando o comportamento de manada; aversão à perda, potencialização da confiança ou desconfiança; gastar cada vez mais na tentativa de esquecer as dívidas; e informações em excesso.
Com o passar do tempo, os estudos deverão evoluir e as informações e resultados deles extraídos poderão ajudar muita gente, principalmente o brasileiro que, por natureza e cultura, não é poupador. Sabendo como pensa o brasileiro, o governo, através do Banco Central, poderia, por exemplo, desenvolver políticas específicas de incentivo à poupança. Enquanto isso, a dica é manter-se longe das dívidas, buscando satisfação de outras formas, de maneira que sobre algum para investir. Um roteiro bem simples seria 1) afastar a tentação: se não souber resistir, não aceite cheque especial ou cartão de crédito; 2) ter alguém de confiança para alertá-lo sobre gastos excessivos ou desnecessários; 3) policiar-se: analisar se o gasto é realmente necessário; 4) carregar pequena quantia de dinheiro; 5) não entrar em financiamentos com muitas parcelas; e, 6) quando sentir-se tentado, fazer coisas simples como conversar, pintar, ler, ver um filme, ligar para alguém. A vontade de gastar passa e a saúde financeira agradece.
Fonte: Gazete do Sul